A memória, a literatura e o (risco do) esquecimento
uma leitura dos tempos de exceção em “Alguma coisa urgentemente”, de João Gilberto Noll
Resumo
O presente trabalho visa analisar o conto “Alguma coisa urgentemente”, de João Gilberto Noll, que estabelece vínculo com seu contexto de produção, a Ditadura Militar Brasileira. Publicado na obra O cego e a dançarina em 1980 o texto foi retomado vinte anos mais tarde para integrar uma coletânea organizada por Italo Moriconi. O conto é narrado em primeira pessoa pelo filho anônimo de um perseguido político que, por causa dessa condição, muda de residência algumas vezes durante o enredo, vive instâncias coercitivas ao lado – e na ausência - do pai. Assim, a presente análise permite afirmar que a literatura tem seu lugar em tempos de exceção viabilizando a percepção de vozes silenciadas por condições políticas e sociais. Enquanto figurações de experiências de autoritarismo, os personagens principais apontam para a existência de uma demanda de vozes articuladas para apontar a censura, a interdição e a perseguição política dos tempos ditatoriais brasileiros.
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